sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Garantia de quê?

Deitado na minha cama, com suspeita de gripe suína...esposa e filha na casa da sogra e eu, correndo de hospital em hospital, atrás do único remédio que em 48hs pode fazer diferença...o remédio, por incrível que pareça, foi tirado de circulação pelo próprio Ministério da Saúde, sob alegação de não ser vendido indiscriminadamente... enquanto isso, andares de hospitais lotados de gente com a tal da gripe...vou ao blog do Mayora (tunelnofimdaluz) e vejo que o Maurício, irmão mais novo, foi assaltado e passou poucas e boas nas mãos dos pós-adolescentes que o renderam...isso pra não falar do prédio que eles tinham na praia, e que caiu mês passado, matando gente e lembranças...penso no meu site, garantismo penal, penso em tudo o que pretendo defender, e me pergunto: garantia de quê?
Bom, talvez a criação desse blog seja apenas um momento de crise existencial, mas, talvez, a crise seja duradoura...de qualquer sorte, a proposta que lanço é clara: vivo do Direito Penal, vivo do estudo da violência humana e, consequentemente, de seu espírito insatisfeito...passo meus dias evitando debates com seres absolutamente ignorantes que acreditam na resposta imediata, na solução empacotada, no final onde todos vivem felizes para sempre, sem se darem conta que para todos viverem assim, não podemos nem matar, nem prender o Outro...e também já não sei como chegar ao Outro, como superar o trauma do encontro das diferenças, e também já não sei se o quero vivo ou morto...sim, o quero vivo, desde que não ameaçe minha filha...assim é fácil...me cansa chegar em um hospital e me deparar com uma "solução política" que retirou das ruas o remédio que preciso, mas penso comigo mesmo: e os que dependem do SUS até pra curar uma gripe comum?
Lembro de um ataque respiratório que minha filha teve, meses atrás, no meio da noite...só não fiquei paralisado por se tratar de um valor maior, que superou qualquer medo; ao chegarmos no hospital, que eu não conhecia, entrei pela porta do SUS, sem me dar conta...quando reclamei da falta de atendimento, me olharam estranho, me perguntaram se tinha plano médico e, ao dizer que sim, me enviaram para o andar de cima, onde o atendimento foi imediato...mas a criança que vi ali, e que não era a minha filha, continuou ali..e eu dei graças a D´us por não ser minha filha...dei graças a D´us por ter dinheiro...sou egoísta? Um porco do capital, como diriam os antigos? Minha filha ficou bem, espero que a criança também, mas foi, literalmente, cada um por si. Essa é a regra?
Bom, amigos, a proposta é essa: façamos nós a diferença...hehehehe, sei que a frase é batida, e que atrás desse tipo de pensamento se escondem grandes hipocrisias, e cabeças fúteis dormem tranquilas todas as noites...mas, ainda asim, façamos nós a diferença. Como? Amor, amor, amor...(Beatles - love, love, love)...olhem no olho de quem está na sinaleira, apertem a mão de quem quer que seja, distribuam gentileza...parece babaquice? Todos aqueles que assim pensam acabam por se tornar meus clientes em potencial, como autores ou como vítimas...pensar asim garante algo? Claro que não!! Pelo menos, a vida flui com mais prazer...garantia de quê?

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