terça-feira, 15 de setembro de 2009

Castração química - e a idade média continua...

Acordei hoje com a televisão ligada, dando a notícia de que amanhã, dia 16 de setembro de 2009, o congresso irá votar um projeto de castração química para pedófilos. Eu, na qualidade de pai de uma menina linda, meiga e amada, com apenas dois anos de idade, poderia ser mais um a engrossar o coro daqueles que, "apavorados com o aumento crescente da criminalidade", endossam tal medida. No entanto, penso um pouco além...não consigo imaginar um mundo que se diga "civilizado" e que trate seres humanos como animais, tornando possível a castração de alguns, a morte de outros etc. Sei que o ser humano age, por vezes, como um animal, mas não entendo como "nós", autodenominados "sociedade", poderíamos reagir através da razão com uma resposta idêntica a do animal que queremos evitar e punir. Nós damos o exemplo, ou nós utilizamos o exemplo que o "animal" nos deu? Não apenas um contrasenso, em meu entender, mas uma verdadeira ode à barbárie, tributo ao que há de pior em cada ser que transita pelo mundo...vamos castrar nossos inimigos? E, quem sabe em um futuro próximo, castrar mendigos, que através "sei lá do que" também contribuem para o aumento da delinquencia? E, quem sabe, castrar sonegadores, na melhor expressão do ditado "filho de peixe, peixinho é..."?

Sei não, por vezes volto a acreditar que realmente não temos mais solução enquanto espécie e, pior, acredito nisso não por aquilo que alguns seres humanos, travestidos de animais, fazem, mas sim por aquilo que os animais, travestidos de seres humanos, opinam.
Tô votando pela castração. Quem sabe assim terminamos mais rápido esse teatro todo, e deixamos o palco limpo para o que vem por aí...
Obs - preciso dizer o óbvio? Sim, se fosse minha filha, eu viraria animal e mataria o ser humano... E isso tem alguma coisa a ver com a discussão?

Um comentário:

  1. Daniel, admito que, quando li o teu post, cheguei a me confundir: em um determinado momento, não sabia mais se tu estavas falando do que já existe (cadeia) ou dessa proposta de castração química... veja apenas esse trecho do teu post:
    "... uma verdadeira ode à barbárie, tributo ao que há de pior em cada ser que transita pelo mundo...".
    Concordo contigo que não podemos cair na tentação medíocre de eliminação ou do "corte" (de corte de carne MESMO) do Outro, mas me parece que isso é o que mais ocorre atualmente! E não precisamos ir a presídios ou pensar em castrações químicas para ver isso: basta simplesmente andar pela cidade para constatar que o estado de exceção é a regra, que a barbárie ocorre todos os dias, sob nossos olhos e olhares complacentes e perplexos - perplexos com tanta realidade que teimamos em negar...
    Abraço,
    Achutti.

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